quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

És tu




A chuva começou a cair, estava tanto frio, eu estava quase despido, e a água misturada com a terra fazia-me escorregar.
Vagueava por ali, tropeçando nesta ou naquela verdade, nesta ou naquela memória.
Eu procurava-te sem saber, por montes de ruínas e vales de incertezas.
Os meus pés deixavam de sentir o chão, a minha boca tremia, e só havia silêncio. Penumbra, vestígios do que vivi, tudo em suspenso.
Eu precisava de outro sitio, os caminhos que conhecia estavam gastos, os meus olhos já os haviam percorrido, sempre, todos os dias, conhecia-lhes tudo. Eu sempre caminhei, viajei, assim.
Para chegar até ti.
E quando te vi, no regaço quente de uma árvore, qual luz que iluminou a minha alma, senti-me abençoado, senti-te de imediato em mim.
Estamos aqui somos nossos e de mais ninguém.
Gritámos então os nossos nomes aos ventos, percorremos as águas, celebrámos o nosso fogo com beijos.
Entendi então que na imensidão das palavras e dos gestos não morre o desejo. Não morremos.

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