domingo, 20 de dezembro de 2009

Hermosa Simbiosis




O frio leito das tuas frias mãos
A dor sentida quando o café a ferver
Queima a pele,
São prenúncio de uma simbiose terrível
Mas breve.

Olho o teu rosto redondo claro
Os teus olhos com as suas longas pestanas
Iluminam a sala
E a minha voz temperada afasta o fumo
Dos cigarros.

Estamos sentados frente a frente
Num encontro feito pelo caso,
De repente ao fim de longas décadas
De indiferença,
Sinto que ouves,
Compreendes
E te interessas.

Num instante quero estar contigo,
Num instante queres que vá contigo,
Num instante estamos juntos,
E num instante somos um.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Last words...



Arrasto os teus lábios nos meus
A tua saliva será minha
Durante longos anos
Porque fizemos danos
Irreparáveis.

Eu seguro a tua mão e sinto a pele
A vontade de te ter a meu lado
E a vontade de não mais te ter
De me seres nada.

Ao encontro dos teus olhos
Virão outras visões,
E ao encontro dos teus braços
Virão outras paixões.

Segues a escada íngreme,
Os degraus, a espera
Essa doença da qual quero ficar curada,
Essa doce tristeza que se tornou sofreguidão
Por te desconhecer.

Choras as últimas lágrimas
Nas últimas horas,
Escureces tudo por onde passas
E fazes chover torrencialmente.

Sinto que me tiraste a vida
A inocência, talvez
Sinto que te roubei a alma
Por engano, talvez…

No último minuto,
Na última mentira,
No desfecho triste desta narrativa
Enjoativa
Não sei dizer a palavra FIM.

Os nossos nomes não ficam bem assim,
As imagens ficam suspensas
As recordações amarradas
Deixando cair as mãos até ao teu peito,
Cheirando-te,
Beijo o adeus, sem o saber
Porque assim será para SEMPRE.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ao lado de Américo




Sento-me a teu lado
O teu porte negro
Soldado a dourado
Faz-me ser curiosa.

Os teus cabelos longos
As tuas mãos delicadas
Agarram o dicionário
Da minha língua.

Desligo o telefone,
A minha mãe pode esperar.

Falas comigo
A tua voz é rouca
E grandiosa como tu.

Dizes-me de onde vens
Para onde vais
Gostas da minha língua
Queres conhecê-la e tocá-la.

E queres que eu te ensine
Enquanto vamos no metro.

Infelizmente digo-te na tua língua
Quente e pronunciada
Que não posso ir nessa carruagem.

Tenho de ficar aqui à espera
E tu segues viagem.

Eu fico sentada
A desejar
Ter terminado o telefonema antes.

Já passou algum tempo
Já deixei passar várias carruagens
E nunca mais voltei a ver-te.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Hélice



Deparo-me com o limite ténue do véu,
O facto sarcástico de te teres lançado no ar,
De te teres arriscado a voar para longe.

Cabes invisível naquela fotografia,
És tu e mais ninguém,
E consigo distinguir-te,
O teu vazio é teu e de mais ninguém.

Cabes aqui, estranhamente.
Dóis e não sei porquê,
Estou a olhar-te,
Continuo a ver-te.

Estou pregada ao chão
Deixo inundar os meus olhos com lágrimas,
Deixo-me percorrer por esta perda que não é minha.

As lágrimas caem,
Começo a vislumbrar-te
Por detrás deste véu aquoso.

Mas tu nem sequer aqui estás
És apenas uma ideia,
Uma recordação silênciosa e infame.

És o vazio que ocupas
E mais ninguém.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Português Amarelo (Série de Narrativa - Vícios III)




"Este vai ser o meu último cigarro..." – dizia ele rodando o cigarro entre os dedos.


Claro que eu tentava acreditar no que ele estava a dizer, mas parecia demasiado estranho vê-lo abdicar das coisas que faziam parte dele. Se ele o fizesse, se ele abandonasse os seus vícios deixaria de ser quem era e passaria a ser outro alguém.


Voltei a olhar para a chávena do café e perguntei a medo: "Também me vais deixar?". Ele riu-se.


Eu sei que todos os seus vícios lhe davam prazer, e sei que também era para isso que lhe servia, então tremi ao imaginar que seria abandonada como tudo o resto. De um lado eu e do outro o amarrotado maço de cigarros, Português Amarelo.


Juro que nunca quis afectar ninguém com as minhas propriedades altamente cancerígenas, mas ele tinha a boca mais irresistível, as veias e o coração mais quentes que alguma vez ousara queimar.


Levantei-me bruscamente, passei pelo fumo do seu último cigarro, entrecortando a linha ténue que este desenhava no ar. Ele seguiu-me contrariado com o passo lento e largo.


Sabia que ele tinha de partir e eu queria despedir-me convenientemente. No entanto, não conseguia tirar os olhos das pedras da calçada. Estava nervosa e inquieta.


Sentei-me nos degraus da entrada da igreja e ele sentou-se a meu lado. Observei-o. Não me estava a parecer que aquela forma de fumar anunciasse o fim desse metódico acto. Aquele cigarro jamais seria o último, era como outro qualquer. E mais uma vez a analogia surgiu na minha cabeça. Aquilo que estávamos ali a fazer, a razão pela qual nos havíamos encontrado, não era para nos despedirmos, aquilo não era a última vez que estávamos juntos, era outra ocasião em que sarcasticamente fingíamos seguir em frente, mas já os nossos corpos, os nossos olhos e os nossos corações afirmavam que iríamos ceder ao vício de nos amarmos mutuamente.


Então ele apagou o seu cigarro nas pedras da calçada, juntou o seu corpo ao meu, deu-me a mão, beijou-me a face, abraçou-me e eu deixei que uma lágrima escapasse.


Saiu dali tão depressa, e eu fiquei sentada nas escadas da igreja, onde ainda pairava o cheiro do cigarro apagado, e ao meu lado, no mesmo degrau, o maço rasgado de Português Amarelo.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A última noite em que te vi (Série de Narrativa - II)

A noite fria e escura não anunciava a queda daquele império estranha e subitamente estabelecido, eram antes as nossas mentes, era antes uma revolta interior muito silenciosa e controversa.

Eu não queria admitir que estava a desejar o fim da minha felicidade. Tudo isso era por demais ilógico e masoquista. Mais uma vez eu desejava sofrer.

Comecei a pensar que talvez seria esse o meu estado mais pleno. Sentia saudades dessa incapacidade de ser feliz, de me sentir satisfeita.

Foi nessa noite que eu me apercebi de que me perdera, de que deixara de conhecer aquilo que estava à minha volta, aquilo que havia adquirido a muito custo.

Fiquei desiludida, fiquei chocada, enjoada com a minha decisão.

Não havia nada a fazer, eu queria abandonar-me. Precisava de deixar tudo para trás. E porquê?

Porque queria apagar os vícios, apagar a mentira com que havia sustentado a minha efémera felicidade.

Sim, agora entendia que tudo aquilo era uma farsa, uma ilusão. Havia consentido que a mentira se instalasse na minha vida, como um mal menor, e agora que havia atingido os meus objectivos, não olhando a meios, sentia-me mal, sentia-me impura.

Ganhámos o melhor prémio de todos. Tudo era completo, tudo dançava ao ritmado sentir da felicidade, tudo sorria e transpirava satisfação.

Eu sentia-me inquieta.

De bicos dos pés, pedia uma bebida ao balcão, e sentia-me observada. Eu sabia que me olhavam, e por isso era ainda mais excêntrica. Pavoneava-me. As luzes da ribalta estavam sobre mim e eu adorava, deliciava-me com cada fino olhar que pousava sobre mim.

Todos me davam os parabéns, e a minha resposta era sem excepção um seco e frio: "Obrigada...", seguido de um falso sorriso, infestado de indiferença.

Nem o álcool me fizera mais sensível. Estava na mesma. Naquela noite eu era uma autêntica besta.

Olhei para ti tão doce, tão delicado. Estavas à minha espera para festejar aquela alegria súbita. Olhei-te nos olhos, como se te quisesse arrancar à força a alma. Eu já não sabia quem tu eras, e precisava de saber. Eu estava espantada com a minha frieza amnésica, com a minha estupidez.

A mesma pergunta ecoava na minha cabeça freneticamente enquanto tu me agarravas para dançar: "Quem és tu? Quem és?". E eu não obtinha qualquer resposta... Então abraçava-te longamente, talvez o contacto com o teu corpo me ajudasse a recordar. Mas nem o teu perfume, ou a textura suave da tua barba me ajudaram. Eu continuava na incógnita.

Então, roubei-te um beijo. Tu quiseste-o breve, mas eu prolonguei-o, na esperança inútil que a tua saliva despertasse em mim alguma memória.

Irritada agarrei-te firmemente as mãos e dancei contigo, acelerando o passo. Louca com o rodopiar de sensações, com o excesso de álcool e drogas eu parecia inabalável, intocável, senão pelas tuas mãos supostamente conhecidas.

Era isso! Quem não me conhecesse e olhasse para mim veria uma bomba pronta a explodir. No entanto tratava-se de uma implosão.

As minhas entranhas retorciam-se, abalavam-me, entregavam o meu cérebro à miséria, contorcendo-o, espremendo o meu coração, de tal maneira que já não havia réstia de sangue ou pingo de amor vivo que dali brotasse.

Já tudo havia terminado, todos queriam partir. Mas os meus pés impeliam-me para aquela dança, como que para espantar a dura realidade com que me havia deparado, como que a sacudir a verdade interior que havia descoberto.

Partimos então.

Eu fui quase arrastada.

Regressámos a casa.

A noite era escura e fria.

Eu fitava a estrada. Havia uma tensão no ar. Eu e tu franzíamos as nossas testas. Mal falámos durante todo o percurso, parecia que já não havia nada a dizer, havia tudo sido dito. Haviam-se esgotado as palavras.

Olhava-te de tempos a tempos.

Continuava com aquela estranha sensação de que estava com um desconhecido.

Pedi-te que dormisses comigo nessa madrugada, pois achava que se ficasse sozinha desapareceria mesmo, levada por tanta confusão. Não sei se a tua presença ajudou verdadeiramente.

Olhei para ti até adormeceres, beijei-te os lábios macios, senti o odor quente da tua pele, encostei o meu ouvido ao teu peito, ouvi o teu coração bater, e assim adormeci.

Essa foi a última noite em que te vi.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

We got the handshake under our tongue





I just shook the handshake

I just sealed the deal

I'll try not to let them

Take everything they can steal

People always told me

Don't forget your roots

I know

I can feel them underneath my leather boots


You toss all the mornings lost to the clouds and you watch it go

Your fairweather friends on a parachute binge get lost when the wind blows

The handshake's stuck on the tip of my tongue

It tastes like death but it looks like fun


I was a loner

I was just waiting by myself

When you, warped temptress

Rose to bring me happiness and wealth

Black tears, black smile, black credit cards and shoes

You can call all the people you want

But it's you who's being used


Under your black eyes, honey

Right beneath your nose

A curse on all creation

Every single thing you know

White smoke, white light, white marble on the floor

It would only take a few seconds of darkness to figure out what's in store


Little girl

You convince yourself that you want it, but you don't know

You keep trying to wash the blood from your hands, but it won't go

We're gonna keep you on the run
MGMT

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cristal (Série de Narrativa - I)

Acordar naquela casa é para mim um estranho prazer. Desejo sempre acordar, mas evitar as demoras na cama, estar ali, habitar aquela casa, bem cedo, antes que o ruído e o frenesim da cidade voltem a perturbar o seu silêncio.
Então levanto-me e a rotina torna-se quase agradável, até chegar ao quarto depois do banho e perceber que terei de sair dali.
Apanho o metro. Já me desabituei de olhar para tudo e todos, aliás, ao início quando o fazia não era por curiosidade, era apenas para te vislumbrar na multidão. Não, ainda não te encontrei, uma única vez. Então abstraio-me das caras e dos corpos pesados ao olhar para as letras breves de um livro que comecei a ler, agora que tenho tempo. De um momento para o outro chego.
Caminho agora para a nova vida que escolhi. Estou aqui, escolho começar agora! Friamente, sem “quês” nem “porquês”! Vou dar o primeiro passo!
É agora! Quando os tambores soarem, quando o meu coração saltar de alegria sincera por estar viva e conseguir realizar os meus humildes sonhos.
Nisto tocam os tambores, e eu não expludo de alegria, não… Sou apanhada de surpresa por uma súbita doença.

(...)

Condição - Só - Daqui - Não - Sair

As tuas palavras continuam a queimar-me como magma

As minhas memórias de ti continuam cravadas nas minhas pálpebras

O meu nariz continua infestado com o teu doce odor,

E tu estás tão longe, e és quase nada.

A minha mente persegue o teu rasto

Alenta visões do teu corpo

Murmura o cansado timbre da tua rouca voz

Eu já não te conheço

Nem te reconheço nas cartas que me escreves

E me envias por engano.

Aos poucos as fotografias gastas na parede

Tornam-se quadros anónimos

E tu começas a ser uma lenda,

Um mito esquecido de amor eterno.

Os dias passam e eu tento odiar-me

E odiar-te por aquilo que fomos,

Para ser mais fácil esquecer-te

Para me convencer de que não passas de uma ilusão.

As pedras gastas da calçada já não reconhecem o teu andar,

E o vento que sopra nas árvores já não se lembra de te beijar a face,

Tudo se torna distante

Como sonho breve numa madrugada chuvosa que anuncia o Outono.

Não há mais histórias hipócritas de encantar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Às escuras

Quem sobe as escadas?
Quem bate à porta?
E pergunta: "Onde estás tu?"
E vem porque não tem mais para onde ir
E se esforça pouco para sorrir
E ser feliz?

Quem sobe as escadas agora?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Adams Fruit



It wasn't me who gave it to eat
That fresh fruit
From that tree
I was just seated under it
Crying for my miss behave
And Adam came.

He spoke to me lovely words
Oh, I just couldn't believe
That I had found the man of my dreams
He hold me and said:
"Yes, I am your perfect man!"

I couldn't stay still
"This is true, this is real!"
He had finally found me
And I was going to be finally happy.

So we had danced
And we had kissed
And we had made love
I had a great smile on my face
I had forgotten the passed race.

One day when he came to meet me
Under that beautiful tree
I was going to tell him
How I loved him
And how much I wanted to stay with him forever.

He smiled and kissed me
"This is truly a fantasy,
It's so easy to love this
Strong and handsome man,
Because he love me too,
I can tell!"

At night he stayed with me
We talked about everything
He made love to me
Under that green tree
And said: "Kiss me Eve"
Then he looked into my eyes
Till I fell asleep.

I had dreamed about the stars
And the luck I was having,
But when I woke up
I didn't saw him right beside me
I had a letter, a small one saying:
"Goodbye Eve.
I think you're the funniest girl,
You're beautiful and tender
But I just don't feel
Like staying with you forever."

Next to the letter there was
A big green, kind of apple
I bit it till I taste
The poison of the devil.
I cried in that moment
For the pain was too strong
And my heart was too broken.

Now I've stopped hopping
For another perfect man to come
They just don't exist
I don't want anyone.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Velho Careca Coxo

E todos os dias anseio descer as escadas e ir ao correio
E todos os dias desejo receber um dia um beijo
Teu.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Almost...




Your fingertips across my skin
The palm trees swaying in the wind
Images

You sang me Spanish lullabies
The sweetest sadness in your eyes
Clever trick

We walked along a crowded street
You took my hand and danced with me
Images

And when you left you kissed my lips
You told me you would never let forget these images, no

I never want to see you unhappy
I thought you'd want the same for me

I cannot go to the ocean
I cannot drive the streets at night
I cannot wake up in the morning
Without you on my mind
So you're gone and I'm haunted
And I bet you are just fine

Did I make it that easy
To walk right in and out of my life?

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should've known you'd bring me heartache
Almost lovers always do

F.F.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Full moon birthday

God only knows what you do with yourself
You sleep all the day and you're wasting away
You beg for your food
And you lie like a dog
You steal all your moves and you drink the last drop

You watch me
I watch you
You changed me
Like I knew
You used me
Like I used you
My love shot right through you

It's a low, low, low, low happening

And every night at the beat of the drum
You'd kill to be right, but I know you're wrong
You drink from the heart
And you pour from the soul
You listen to trash
But it's not Rock'n'Roll

You watch me
I watch you
You changed me
Like I knew
You used me
Like I used you
My love shot right through you

It's a low, low, low, low happening

sábado, 25 de julho de 2009

Sugar melts in the acid rain




Snap away she said
As they danced towards the moonlight
Run away he did
As she cast off another night
So intuned were we
By the thought of what could never be
So consumed were we
By feelings felt between the sheets

What do they mean
Seamless dirty dreams
Why must you scream
Please don't make a scene
She thinks she plays
Is it all a game
No need to be tame
Sugar melts the acid rain

I saw you wading in the water
I saw you ride along the sea
Shine on a nightmare
Shine through the trees

L.O.P.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

...

Cryin’ nobody knows, nobody knows, body knows
How I loved the man, as I teared off his clothes
Cryin’ nobody know, nobody knows my pain
When I see that it’s risen; that full moon again

M.

sábado, 11 de julho de 2009

Descalça...


 
Perdi o meu sapato
Na janela do meu quarto
Quando queria terminar
Fugir
Saber o que é desaparecer.
 
Perdi o meu sapato
E continuo aqui
Não desapareci.

Ansiedade

Se abandonarmos o mundo hoje
Voltarmos costas a tudo e todos
O que restará?
 
Em segredo vivemos vidas paralelas
E vemos a nossa terrível hipocrisia
Voltar-se contras nós.
 
Ao longe ouvimos alguém
Escavando um buraco tão fundo
Para esconder o seu próprio corpo.
 
Há que camuflar almas
E fingir que nada se pode fazer para salvar nossa pele
Que pele imunda de desejos.
 
Cada vez que nos sentamos nessa cadeira
Olhando o terrível espectro lá fora
Somos pequenos, ínfimos.
 
Somos nada.
Já fomos.
Já abandonámos nossa pele imunda.
Já abandonámos nossa alma.
O que resta?
 
Nada...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quiet...




Pour myself a cup of coffee full of sober nights
Cos nicotine and coffee are my friends in this fight

And you, you keep me warm
You, you keep me warm
All your cigarettes and cup of coffee
It keeps me warm

Believe me I can play games cos I know all the rules
Believe me I can pretend cos I've studied the masks

But I don't wanna play any theatre for you,
I don't wanna stage a single piece for you.
I.M.

sábado, 4 de julho de 2009

Cadente


Deixei-me anular
Deixei-me ficar
Deixei-me estilhaçar
Deixei-me crescer
Deixei-me brilhar
Deixei-me forçar
Deixei-me acobardar
Deixei-me matar
Deixei-me para sempre...

Perdi-me para sempre
Naquelas palavras controversas e retorcidas.

Perdi-me para sempre
Na expurgação da minha voz.

Ela canta os meus últimos dias
E a minha mágoa por te deixar
Anulo agora as promessas
Fico à espera de redenção
Estilhaçada tento reconstruir-me
E crescer noutro sentido
Brilhando noutro horizonte
Forçando mais uma vez aquilo que acho ser meu
Deixando de lado a cobardia dos tempos passados
Matando os erros, enterrando-os.

Perdi-nos para sempre
E achei-me outra vez numa nova voz, num novo corpo celeste.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Expiação




Porque penso em ti
Vezes sem conta?
E recordo todo o meu passado
Vezes sem conta?
E te quero tantas vezes mais?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Desaparecimento do Marinheiro

"Só o mar das outras terras é que é belo. Aquele que nós vemos dá-nos sempre saudades daquele que não veremos nunca."

F.P., o Marinheiro

Estavam ali, sentadas
As três,
Deitada a quarta
No silêncio do quarto
Do velar o desconhecido
No esquecimento.

Ao longe
Da janela
Via-se aquele mar salgado
Sem um único murmúrio de ondas
Sem um único murmúrio de vento.

Quem é aquela que está deitada?
Porque finge estar morta?
Porque ouve em segredo o Sonho
E deseja sem mais palavras Ser
Na terra fria e húmida?

Quem são vocês
Amadas?
Estão velando por ela?
Desistiram da Vida
Desistiram da realidade obtusa
Continuem as metáforas da solidão.

Ficaram sós deste lado da Terra
O mar vos engoliu o futuro
O mar vos deixou inférteis
O mar vos roubou a juventude.

Porque estão aí paradas
Não vêem que não existem?
Vocês contam o Sonho e são Um Outro Sonho
Estão condenadas à escravidão da liberdade.

Podem ser tudo, podem ser nada
Mas escolheram estar sentadas
A velar a desgraçada
Cujo Marinheiro abandonou
Por outra Pátria gasta
Acabada
Que no fim o matou.

"PRIMEIRA : Ao menos, como acabou o sonho?
 SEGUNDA: Não acabou... Não sei... Nenhum sonho acaba..."

domingo, 21 de junho de 2009

I bring you poetry...





Well there is something in the air
That makes it difficult to live
The way we lived back in the days
When we had all the time to kill
It's just the wildfire burning
There's no way to put it out
Just a wildfire spreading
Through my days and through my nights
Don't ask no questions
Don't ever tell no lie
I'm so tired of explaining
Every minor detail of my life.

M.D.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Avec coeur




Mon coeur, c'est fort 

Perdu tout pouvoir

Avec moi, avec toi, avec coeur, 

Avec un et c'est pris 

Nos têtes, nos langues, 

Nos oreilles étaient toujours remplies 

Mais les histores et chansons de la perte d'innocence 

M'ont tellement hanté 

Que j'ai remis mes mains dans mes poches 

Et ma langue dans ma propre tête.


L.O.T.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Leitura dos meus últimos desejos




Ele voltou para ela
E eu consumo-me 
Sem cumprir promessas
Sem dormir.

Estou à espera do regresso
À espera da própria espera
Que é tê-lo na minha mão
Não o deixando fugir.
 
Tenho o recado guardado
A carta já decorada
Para a chegada do pelotão.
 
E trago no ventre
A vontade de carregar
Outra geração.
 
Saboreio o tempo
Este tempo que é viver na ignorância
Na iminência da tempestade.

E sempre desejando a verdade
Aguardo que ela não venha no teu caixão.

domingo, 24 de maio de 2009

Non!


Non! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal tout ça m'est bien égal !

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien...
C'est payé, balayé, oublié
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux !

Balayés les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro ...

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette nen ...
Ni le bien, qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est bien égal !

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien ...
Car ma vie, car mes joies
Aujourd'hui, ça commence avec toi ! 

E.P.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vision of Division

Sing me a song 
You could be 
Tell me a tale 
Just like me 
Don't turn it my way 
Happy and free 
I'll turn it to shit
Happy and free... 

All that I do, is wait for you 
All that I do, is wait for you 

I can't get along, with all your friends 
I Don't know how to act, 
That's all there is. 
Why do I accept the things you say? 
You know what to change, 
But not in what way. 

How long must I wait?
How long must I wait?
How long must I wait?
How long must I wait?
How long must I wait?

I am not you 
We could have 
I'm almost through 
Great sucess 
It's about time 
Such a success 
That you came through 
At no expense 

All that I do, is wait for you 
All that I do, is wait for you 

I can't get away from all your friends 
I'm not coming back, 
That's all there is.
Why do I accept the things you say?
You know what to change,
But not in what way.

How long must I wait?


TS

sábado, 4 de abril de 2009

Odd as I am


For you I was a flame 
Love is a losing game 
Five story fire as you came 
Love is a losing game 

Why do I wish I never played 
Oh what a mess we made 
And now the final frame 
Love is a losing game 

Played out by the band 
Love is a losing hand 
More than I could stand 
Love is a losing hand 

Self professed... profound 
Till the chips were down 
...know you're a gambling man 
Love is a losing hand 

Though I'm rather blind 
Love is a fate resigned 
Memories mar my mind 
Love is a fate resigned 

Over futile odds 
And laughed at by the gods 
And now the final frame 
Love is a losing game

A.W.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Falta

“E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias e dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo e sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até tu chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e aparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente te vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem eu sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manha e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do / esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, continuo e infindável amor que tenho por ti."

S.K.