quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pedra na cinzeira


Meio-dia 
É agora
O carro chega
A viola pára.
Cheguei avó, cheguei!

Um abraço
É agora
O teu cheiro chega
E todos sorriem.
Chegámos, avó! Chegámos!

Todo o doce sabor do que foi realmente a minha família
O açúcar do seu carinho
E a amargura do demorado aproximar do ventre materno.

Corri, corri
Por entre o páteo
Atravessei a estrada,
Lembrei-me dela.

Deito-me, escondo-me
Choro...

E agora passados tantos anos
Lembro-me dela,
Pego no telefone, mas do outro lado ninguém responde.

Corro, deito-me,
Escondo-me, choro
Por entre as palhas secas de Verão.

Parece que continuo a ter seis anos
E que continuo a ter medo.
Porém, já não há mais nada para destruir,
Agora que sei a dor e a cor
Do que é o sangue maternal.