terça-feira, 22 de junho de 2010

Alma

Estou ainda dormindo,
Pela tarde
No seco pasto.
O sol acaricia-me a face
E o livro aberto
Deixa um rasto.
O odor das tuas palavras
Percorre a minha mente,
Cheiras-me a tudo aquilo que é diferente.
E de súbito começo a voltar do sonho,
Ultimamente viajo para um destino imundo.
Todos os sons regressam,
E o laranja do dia
Se reinventa nos meus olhos.
Não há brisa nem vento,
Estou disposta ao esquecimento.
Como era bom sentir a tua selva,
A humidade carente
De ir em busca da aventura,
E ser tua para sempre.
Não,
Há muito que no meu sangue não encontram a chama,
Não há restos de doçura.
Por vezes chego a achar que já estou morta
Fria e dura.
E tu tão longe,
Tão já Passado.
É triste perceber que a alma gémea
É um defunto enterrado.

domingo, 20 de junho de 2010

O meu herói disse-me adeus...



Não há paixão, o que existe aqui é apenas tédio.
Quando a platina cai sobre a cidade, a cidade gela.
São estrelas decadentes irritadas por lhe retirarem o tapete.
E tu tens noção, tens consciência de que isto é uma doença, que os sintomas te saem caros.
Já não és uma criança para levares a ilusão ao extremo de passares um e outro dia fingindo ser quem não és e teres o que não tens.
Onde está essa dor no peito? Não a sentes?
Sabes que ela está aí para te meter medo, para te lembrar de que já não existem segredos em ti.
Tu já não te escondes de ti próprio e isso dilacera-te, porque já percebeste que és uma besta podre por dentro. E mesmo assim continuas a sê-lo.
Cobarde.
O amor é ter coragem de apregoar a verdade.
Mas o teu amor volta a ser impossível e volta a cair na mentira.
Morte ao impaciente que cai na tentação de mudar o rumo das coisas, porque tem medo daquilo que sente.
Que acabe aqui o que se tornou monstruoso.
Que termine aqui o tormento de anos.
Que este seja o teu fim.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Lonely

I keep dreaming about this tiny scorpion that comes out of my mouth,
And he goes through my body, but he never stings...
And I have that feeling...
I don't know if I should fear him, or just trust him...
Still I always want him to sting me, so I can feel something.



domingo, 6 de junho de 2010

Não é minha a tua culpa.

Ainda vejo e prevejo o ventre indesejado da minha presença
E para quê querer-te se a tua face me queima a pele?

Cada palavra tua é como um pecado,
É uma mentira inigualável ao meu fardo pesado.

Todo o ódio que me tens me fascina.
Pensei não ser possível existir tal sentimento,
Tal sentido de injustiça perante o meu arrependimento.

Vale a pena falares comigo, tentares estar a meu lado
Se a única certeza que tens é que tudo seria mais fácil se eu não existisse?

Cais, e rasgas a tua própria garganta,
Não são preces o que cantas,
É a inércia a que te entregas que te corrói a mente.

Eu não tenho culpa,
Eu não te fiz nada,
Eu apenas existo e por isso sou crucificada.

Antes de te entender, antes de sequer pronunciar o teu nome
Já tu desejavas o sabor da morte,
Ansiavas por um cataclismo.

Sou eu sim,
Aqui estou,
Estarei,
Até que desças à terra e me leves contigo para o Nada.