segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Hipotermia



É gélido o meu passo
E mesmo assim sinto-me no mesmo lugar
Sou fraca e quebro-me
Estilhaço-me
Ao tocares-me.

Desfaço-me por completo
Uma e outra vez
Porque o meu coração de pedra
Não aguenta o teu toque,
Nem a tua gentileza.

Fiquei demasiado tempo parada
Presa à sala fria
À espera do que não está para vir
E tu ainda não vieste
Nem sequer chegaste perto de mim
Nem sequer senti a tua respiração.

Eu estava insensivelmente
Compenetrada na contemplação
Do branco teor dos teus olhos,
Do branco duro dos teus finos dentes,
Do branco puro que te envolve o peito austero.

E mesmo assim por entre a fria chuva
Que me turva a visão
E quase me cega
As tuas palavras ecoam na minha cabeça
E a memória do teu sorriso longínquo
Faz-me aquecer,
Faz-me corar
A tua persistência em me fazeres feliz
Em estares comigo apenas
Mesmo que a derreter em teus braços.