quinta-feira, 24 de março de 2011

Fidel



Tenho no sangue fervente
Uma mágoa
Pequenina
Cada vez que me assombras
De noite.

E levanto-me a meio do sono
Procurando água
E prados verdejantes
Para descansar o coração
De que estou a caminhar
Na direcção correcta.

As nuvens ao largo da cama
Quase tapam a luz da lua
E não consigo enxergar mais a tua face
Nem vibrar nos teus dedos singelos.


Com a tempestade
Caindo sobre as flores
E sobre as bestas
Dou por mim a fazer as malas
Querendo fugir de ti.

Não parecendo querer apagar-te
Pois a ti pertenço,
Vou-me entregar ao mar
Vou salgar os meus cabelos
E ficar por lá, longos anos
Agarrada ás areias queimadas
Pelo sol de outro amor.

terça-feira, 15 de março de 2011

O que ninguém faz por ti.

Sabes não sabes?
Diz-me lá...
Eu preciso saber se sabes aquilo que sinto.
Aquilo que sentimos todos, juntos.
Sem merdas,
Diz-me de uma vez por todas
As razões,
As confusões que te levaram a ser
Um verdadeiro cabrão.
Será que ainda és?
Porra, levanta-te do chão
Pára de escrever no asfalto
Que a tua dor não te deixa levantares-te
E caminhar para a liberdade.
Levanta-te, faz-te à vida,
Faz-te um homem.
Não fujas mais,
Fugir é a opção mais fácil,
O começar de novo
É a solução mais simples.
Enfrenta o monstro que é o teu passado
Enfrenta com palavras,
Enfrenta-te,
Em vez de continuares a rebolar
De vagina em vagina
De tormento em tormento
Achando que isso te livra
Do teu pecado violento.
As coisas não se esquecem
A vida não se apaga,
Está sempre lá
Para nos lembrar aquilo que somos no agora,
Aquilo em que nos tornámos,
Nos lapidámos.
Não vais esquecer,
Nem eu.
Mas não mais podemos viver agarrados
Ao podre odor que emanamos,
Ao putrefacto amor que exultamos
Em silêncio, na solidão dos nossos lençóis.
Eu sei que não tenho limites,
Que muitas vezes as minhas palavras
E os meus actos fizeram explodir em ti
Gestos egoístas, derrotistas, maldizentes,
Mas está já tudo tão longe,
Tão para lá do horizonte.
Deixa-me ir,
Não penses mais em mim
Na praia ao teu lado,
Dançando contigo na cozinha
Fazendo o jantar,
Nem nas minhas pernas,
Muito menos no meu rabo,
Já não te pertencem.
E muito menos a minha mente,
O meu coração
O meu sentir.
Por muito fraca que eu seja,
Por muitas desistências que faça ao longo do caminho
Não vou voltar para trás,
Não vou olhar sequer para trás,
Como já fiz vezes antes,
Onde tudo o que recebi
Foi uma foda no carro,
E um adeus a seguir
Cheio de sangue, suor e lágrimas
Mãos trementes
E ventre humilhado.
Não, tivemos tantas maneiras de nos fazermos felizes
Mas por orgulho ou por preconceito
Não baixámos as guardas.
Agora basta,
Deixa-me ir.
Não penses em mim.

quinta-feira, 10 de março de 2011

New Theory

Your choice was right
No chance to be there now
I swear I'm done
You'll want to leave your path
It's yours to find
It's all you've ever done
You're falling down
You'll falling down to us.

W.

quarta-feira, 9 de março de 2011

The spell of the drowsy drug.


Agarram-me os laços
As luzes néon inundam-me os olhos de lágrimas
O fumo dos cigarros perfuma o ar que eu sinto leve
Ao ritmo dos tambores deixo correr o meu sangue
Com movimentos graves sinto
Todos à minha volta
Num serpentear de invejas
De ódios
E eu sorrio no meio
Porque penso em ti.

Ele olha-me
Eu quero que ele me inunde a mente
Como tu fazes
Porque ele é quente,
Mas foge de mim
Nem sabe falar comigo
É distante
E não chega a tocar a tua essência.

Substitutos,
Não existem aqui
Tudo está viciado
Descontrolado
Jorram sangue nas ruas
Nas esquinas
Com as bocas cheias de espuma
A salivar de raiva
Jorram carícias
E infidelidades
Porque ninguém sabe amar.

Estão todos insatisfeitos,
E eu estou sedenta por te abraçar,
Por tocar a tua pele dourada
Beijar teus olhos azul cantábrico
Fazer-me tua,
E o tempo não chega,
As horas não passam,
A Primavera não vem.

Quero agarrar-me a mim
Não me deixar cair
Quero prender-me a ti
Não te deixar fugir
E muito menos deixar de sentir
Aqui dentro
A força do inatingível,
A força do inexplicável
Mundo novo que poderemos ser.

E se o tempo parar
Ao menos continuo aqui
No meio, dançando
Ao sabor da esperança
Desejando que num instante
O tempo avance
E te traga até mim.

sábado, 5 de março de 2011

Pertenço ao ciclo dos cegos
Não vejo o que me rodeia
Não te sei mais a cor.

Não vês o meu esforço em acreditar-te
E a minha mente viola
A tua nova arte.

Medes-te em palmos
Como nenhum outro homem se mediu.

Ficas no limiar
Da corrupção barata
Da insensatez volátil
Que me prende a alma.

Minuto sim minuto não
Vais-te perdendo na imensidão da minha memória
Quando a nossa história deveria ser interminável.

Basta,
Já chega de te chorar
Não hás de vir
Nem hás de voltar para mim.

Não foste passado
Nem futuro
Não chegaste a me encontrar.

Ficaste preso
Ficaste mudo
Não cantas mais o hino surdo
Do amor incondicional
Jogas ainda no meu corpo
O desafio morto e carnal.

Quero-te, porque não consigo querer mais nenhum outro
E esvazio-me de mágoas
Quando escrevo
Quando me solto do sufoco
Que é saber que és
Não de mim
Mas do mundo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Hora In Veja




Não vou a lado nenhum
Não avanço
Nem por mim
Nem por nada
Sou pedra
Alma penada
Não tenho mãos que me agarrem
Não tenho lábios que me atinjam
Por mais que eu queira ser tocada
Nada me toca
No intimo.
Estou aqui
Sou evidente
Sou frágil
Corpo celeste
Que se entrega
Ao licor ardente
Das palavras
E vivo assim descontente
Sem saber o porquê
Demente
Sem saber quando
Vou dar o primeiro passo
Para chegar ao fim.