quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ao lado de Américo




Sento-me a teu lado
O teu porte negro
Soldado a dourado
Faz-me ser curiosa.

Os teus cabelos longos
As tuas mãos delicadas
Agarram o dicionário
Da minha língua.

Desligo o telefone,
A minha mãe pode esperar.

Falas comigo
A tua voz é rouca
E grandiosa como tu.

Dizes-me de onde vens
Para onde vais
Gostas da minha língua
Queres conhecê-la e tocá-la.

E queres que eu te ensine
Enquanto vamos no metro.

Infelizmente digo-te na tua língua
Quente e pronunciada
Que não posso ir nessa carruagem.

Tenho de ficar aqui à espera
E tu segues viagem.

Eu fico sentada
A desejar
Ter terminado o telefonema antes.

Já passou algum tempo
Já deixei passar várias carruagens
E nunca mais voltei a ver-te.

Sem comentários: