sábado, 2 de abril de 2011

Ficar

Valha-te o corpo sedento
E a destreza do ser
Que és
E que dá o que dás.

Valha-nos a misericórdia sublime
Das horas que passam vagarosas
Do destino que insiste
Cuspir-nos na cara.

A tempestade aproxima-se
E tu estás só.

As linhas traçadas
No chão, na terra infértil
Tornam-se cada vez mais difíceis
De decifrar.

Quem te mandou pôr o pé
Na boca do inocente?

Quem te mandou calar com beijos
O frágil desejo
Ateando um fogo em tudo incontrolável?

Quem te mandou tapar com o silêncio
A verdade
Que mais tarde será descoberta?

A tempestade aproxima-se
E tu estás à deriva.

Valha-te a estrela que te guia
Bem ou mal
De noite e de dia
Até ao abismo insolente
Do amor.

Valha-te as mãos gastas
De carícias
Que teimam em te agarrar
Por enquanto...

Enquanto tudo é belo
Enquanto tudo é tremendo
Enquanto a tempestade
Não cai.

Sem comentários: