segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não existem passagens


Vira do avesso o avesso que sou.
Há uma luz no canto do meu olho,
É um astro cadente que arde somente
Quando penso em ti.

Sopro e flutuamos
Na imensidão de números
E datas e refeitas alfabéticas que somos,
Inconstante fortuna que tento hipocritamente
Atribuir aos astros.

Não há nenhuma linha que nos dirija
Não há nenhuma música que nos cante
Ninguém parece exaltar-nos a cor,
Mas seguimos no extremos de nossas contradições,
Agarrados a horas e minutos espelhados.
Quanto mais rápido caminhamos
Menos tempo passamos aqui
Mais rápido é o fim.

Se mais Fevereiros houvesse
Seriam todos como tudo,
Seriam todos assim
A sonhar alto o recado que deixámos
Nas fotografias
Nos pratos
Nos rastos na areia
Na banheira
Nas línguas ensanguentadas
Nas unhas gastas
Nos cabelos caídos
Nos hematomas,
Enfim
Na nossa combinação binómica
Na tua chave estratégica
Na minha rua impedida
Para fechar as feridas
E escrever uma nova Poética.

S.L.

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