quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fresco de peles rasgado
Na parede do teu olho pardo
Afixado com orgulho mesclado de gritos.

O sangue escorreu de noite
Pelos ventres das virgens secas
Anunciando a vinda de outras pragas
Surdas, cegas, mudas,
Arrepiantes.

Os homens saíram correndo
A procurar o fogo
Para queimar, para afugentar as bestas do mundo.

Nas casas as velhas carpindo
O susto tremendo que se havia erigido
Cortando as vestes de negro tingido
Bramiam os clamores das almas que haviam fugido.

As crianças derramaram o leite
No joio no chão
E dali nasceu a árvore da tentação
Soprando o vento e aclarando o sol
Raiando ao longe
Sem vontade de iluminar o céu.

Era manhã sangrenta
Banhada a nevoeiro e a carvão
E as cinzas pintavam todos os caminhos
Apagando as estradas, os ermos, os corpos
Que foram deixados curiosamente prostrados em circulo.

E em volta da vida surgiu destemida
Uma mulher branca,
Branca quase vazia
Que cantava gelidamente
O fim da tirania.