terça-feira, 28 de outubro de 2008

Capítulo 0

Estou no centro
Cansada de esperar
Para entrar no próximo capítulo
A suportar discussões
Embriagadas
Os jogos dos fumadores
E pergunto a um careca nojento
Que está sentado num banco
Aquilo que devo fazer
Ele responde simplesmente: Sim!
Aqui está, é o novo capítulo
Subo a rua
Viro à direita
Viro à esquerda
Encontro um pedaço de passado
Disfarçado pelo fumo de mais um cigarro,
As beatas não me caem bem!
Depois trocamos números de lotaria
Será que a sorte nos calha?
Sigo em frente e paro
No circulo atolado de quadrados
À espera do meu erro,
Da minha porta fútil e viva.
Aí está ela! Sai, paga a conta
Aperta a mão a um sujeito
E vem para mim com sorriso forçado
Como se eu fosse o fim triste de uma noite pestilenta.
Estou dentro do caixote do lixo
Verde de enjoos com o que se vai passar.
Mas vamos! Para evitar frustrações pego num belo pombo correio,
Faço-o voar, para enviar um pedido de socorro
A quem não me pode salvar.
Inútil!
Seguimos, descemos as escadarias da Igreja,
Caem-nos favas em cima das cabeças,
O arroz está caro e não se pode estragar
Assim, com cerimónias efémeras
Procuramos padrinhos,
Telefonamos-lhes...
Não estão! Não podem! 
Encontraram um ninho de amor...
Volto para o mesmo sitio,
É para onde a minha porta me trás
De volta à mesma velha merda.
Animal, acalma-te!
Fugimos... Eu vi-o!
É tão melhor, tão quente
Tão chão, tão terra!
Que pena ter marcado o número errado...
Já não escrevo cartas de amor... 

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