em me atirar contra as paredes
em viver um pouco do passado.
falou comigo embriagado
sem medo daquilo que eu pudesse pensar.
nunca pensei que nos seus violentos olhos
penetrasse uma admiração tamanha,
para mim sempre foram olhos vagos
medonhos de tão grandes e inexpressivos.
falei com ele ressacada
sem medo daquilo que pudesse arrastar.
vivemos o tempo
no imprevisto previsível daquilo que queremos ter
e na surdez da manhã branca
deito-me outra vez
sem perecer,
detida pelo cruel pormenor do seu retrato
que por sorte crua me deixou mais dez minutos
no sitio exacto da salvação.
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