quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cristal (Série de Narrativa - I)

Acordar naquela casa é para mim um estranho prazer. Desejo sempre acordar, mas evitar as demoras na cama, estar ali, habitar aquela casa, bem cedo, antes que o ruído e o frenesim da cidade voltem a perturbar o seu silêncio.
Então levanto-me e a rotina torna-se quase agradável, até chegar ao quarto depois do banho e perceber que terei de sair dali.
Apanho o metro. Já me desabituei de olhar para tudo e todos, aliás, ao início quando o fazia não era por curiosidade, era apenas para te vislumbrar na multidão. Não, ainda não te encontrei, uma única vez. Então abstraio-me das caras e dos corpos pesados ao olhar para as letras breves de um livro que comecei a ler, agora que tenho tempo. De um momento para o outro chego.
Caminho agora para a nova vida que escolhi. Estou aqui, escolho começar agora! Friamente, sem “quês” nem “porquês”! Vou dar o primeiro passo!
É agora! Quando os tambores soarem, quando o meu coração saltar de alegria sincera por estar viva e conseguir realizar os meus humildes sonhos.
Nisto tocam os tambores, e eu não expludo de alegria, não… Sou apanhada de surpresa por uma súbita doença.

(...)

Condição - Só - Daqui - Não - Sair

As tuas palavras continuam a queimar-me como magma

As minhas memórias de ti continuam cravadas nas minhas pálpebras

O meu nariz continua infestado com o teu doce odor,

E tu estás tão longe, e és quase nada.

A minha mente persegue o teu rasto

Alenta visões do teu corpo

Murmura o cansado timbre da tua rouca voz

Eu já não te conheço

Nem te reconheço nas cartas que me escreves

E me envias por engano.

Aos poucos as fotografias gastas na parede

Tornam-se quadros anónimos

E tu começas a ser uma lenda,

Um mito esquecido de amor eterno.

Os dias passam e eu tento odiar-me

E odiar-te por aquilo que fomos,

Para ser mais fácil esquecer-te

Para me convencer de que não passas de uma ilusão.

As pedras gastas da calçada já não reconhecem o teu andar,

E o vento que sopra nas árvores já não se lembra de te beijar a face,

Tudo se torna distante

Como sonho breve numa madrugada chuvosa que anuncia o Outono.

Não há mais histórias hipócritas de encantar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Às escuras

Quem sobe as escadas?
Quem bate à porta?
E pergunta: "Onde estás tu?"
E vem porque não tem mais para onde ir
E se esforça pouco para sorrir
E ser feliz?

Quem sobe as escadas agora?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Adams Fruit



It wasn't me who gave it to eat
That fresh fruit
From that tree
I was just seated under it
Crying for my miss behave
And Adam came.

He spoke to me lovely words
Oh, I just couldn't believe
That I had found the man of my dreams
He hold me and said:
"Yes, I am your perfect man!"

I couldn't stay still
"This is true, this is real!"
He had finally found me
And I was going to be finally happy.

So we had danced
And we had kissed
And we had made love
I had a great smile on my face
I had forgotten the passed race.

One day when he came to meet me
Under that beautiful tree
I was going to tell him
How I loved him
And how much I wanted to stay with him forever.

He smiled and kissed me
"This is truly a fantasy,
It's so easy to love this
Strong and handsome man,
Because he love me too,
I can tell!"

At night he stayed with me
We talked about everything
He made love to me
Under that green tree
And said: "Kiss me Eve"
Then he looked into my eyes
Till I fell asleep.

I had dreamed about the stars
And the luck I was having,
But when I woke up
I didn't saw him right beside me
I had a letter, a small one saying:
"Goodbye Eve.
I think you're the funniest girl,
You're beautiful and tender
But I just don't feel
Like staying with you forever."

Next to the letter there was
A big green, kind of apple
I bit it till I taste
The poison of the devil.
I cried in that moment
For the pain was too strong
And my heart was too broken.

Now I've stopped hopping
For another perfect man to come
They just don't exist
I don't want anyone.