quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Condição - Só - Daqui - Não - Sair

As tuas palavras continuam a queimar-me como magma

As minhas memórias de ti continuam cravadas nas minhas pálpebras

O meu nariz continua infestado com o teu doce odor,

E tu estás tão longe, e és quase nada.

A minha mente persegue o teu rasto

Alenta visões do teu corpo

Murmura o cansado timbre da tua rouca voz

Eu já não te conheço

Nem te reconheço nas cartas que me escreves

E me envias por engano.

Aos poucos as fotografias gastas na parede

Tornam-se quadros anónimos

E tu começas a ser uma lenda,

Um mito esquecido de amor eterno.

Os dias passam e eu tento odiar-me

E odiar-te por aquilo que fomos,

Para ser mais fácil esquecer-te

Para me convencer de que não passas de uma ilusão.

As pedras gastas da calçada já não reconhecem o teu andar,

E o vento que sopra nas árvores já não se lembra de te beijar a face,

Tudo se torna distante

Como sonho breve numa madrugada chuvosa que anuncia o Outono.

Não há mais histórias hipócritas de encantar.

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