domingo, 20 de dezembro de 2009
Hermosa Simbiosis
O frio leito das tuas frias mãos
A dor sentida quando o café a ferver
Queima a pele,
São prenúncio de uma simbiose terrível
Mas breve.
Olho o teu rosto redondo claro
Os teus olhos com as suas longas pestanas
Iluminam a sala
E a minha voz temperada afasta o fumo
Dos cigarros.
Estamos sentados frente a frente
Num encontro feito pelo caso,
De repente ao fim de longas décadas
De indiferença,
Sinto que ouves,
Compreendes
E te interessas.
Num instante quero estar contigo,
Num instante queres que vá contigo,
Num instante estamos juntos,
E num instante somos um.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Last words...
Arrasto os teus lábios nos meus
A tua saliva será minha
Durante longos anos
Porque fizemos danos
Irreparáveis.
Eu seguro a tua mão e sinto a pele
A vontade de te ter a meu lado
E a vontade de não mais te ter
De me seres nada.
Ao encontro dos teus olhos
Virão outras visões,
E ao encontro dos teus braços
Virão outras paixões.
Segues a escada íngreme,
Os degraus, a espera
Essa doença da qual quero ficar curada,
Essa doce tristeza que se tornou sofreguidão
Por te desconhecer.
Choras as últimas lágrimas
Nas últimas horas,
Escureces tudo por onde passas
E fazes chover torrencialmente.
Sinto que me tiraste a vida
A inocência, talvez
Sinto que te roubei a alma
Por engano, talvez…
No último minuto,
Na última mentira,
No desfecho triste desta narrativa
Enjoativa
Não sei dizer a palavra FIM.
Os nossos nomes não ficam bem assim,
As imagens ficam suspensas
As recordações amarradas
Deixando cair as mãos até ao teu peito,
Cheirando-te,
Beijo o adeus, sem o saber
Porque assim será para SEMPRE.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Ao lado de Américo
O teu porte negro
Soldado a dourado
Faz-me ser curiosa.
Os teus cabelos longos
As tuas mãos delicadas
Agarram o dicionário
Da minha língua.
Desligo o telefone,
A minha mãe pode esperar.
Falas comigo
A tua voz é rouca
E grandiosa como tu.
Dizes-me de onde vens
Para onde vais
Gostas da minha língua
Queres conhecê-la e tocá-la.
E queres que eu te ensine
Enquanto vamos no metro.
Infelizmente digo-te na tua língua
Quente e pronunciada
Que não posso ir nessa carruagem.
Tenho de ficar aqui à espera
E tu segues viagem.
Eu fico sentada
A desejar
Ter terminado o telefonema antes.
Já passou algum tempo
Já deixei passar várias carruagens
E nunca mais voltei a ver-te.
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