Valha-te o corpo sedento
E a destreza do ser
Que és
E que dá o que dás.
Valha-nos a misericórdia sublime
Das horas que passam vagarosas
Do destino que insiste
Cuspir-nos na cara.
A tempestade aproxima-se
E tu estás só.
As linhas traçadas
No chão, na terra infértil
Tornam-se cada vez mais difíceis
De decifrar.
Quem te mandou pôr o pé
Na boca do inocente?
Quem te mandou calar com beijos
O frágil desejo
Ateando um fogo em tudo incontrolável?
Quem te mandou tapar com o silêncio
A verdade
Que mais tarde será descoberta?
A tempestade aproxima-se
E tu estás à deriva.
Valha-te a estrela que te guia
Bem ou mal
De noite e de dia
Até ao abismo insolente
Do amor.
Valha-te as mãos gastas
De carícias
Que teimam em te agarrar
Por enquanto...
Enquanto tudo é belo
Enquanto tudo é tremendo
Enquanto a tempestade
Não cai.