sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Onde Chegar

Dei por mim numa manhã injusta,como aquelas que vivemos durante tanto tempo, em que enroládos acordávamos, assombrados pelo tocar do despertador, dizendo que te tinhas de ir.

Demoravas-te nos meus braços, fingindo não ouvir o chegar da despedida. 

Sonolentos, caminhando errantes para a luz do dia, abraçávamo-nos apaixonados, e iamos trocando beijos até ao portão.

Não querias ir, e eu não queria que fosses. Queriamos repetir tudo.

A chegada timida, o matar a saudade dos corpos, as linguas a viajarem uma narante horas, até adormecermos.

Quem nos dera, naquela altura, nunca mais acordar, ficarmos intactos, colados um no outro, por gotas de suor.

Agora, quem nos dera recuar, ou acordar do pesadelo que criámos em nome do amor.

Hoje, dei por mim numa manhã ainda mais injusta, fria, enevoada, solitária, à espera que o sol nascesse, mas ele tardou, e o crepúsculo ia-me deixando cega, perdendo toda a esperança, de te ver chegar, para me acordares deste sono profundo, desta dormência em que crescemos.

Queria que me levasses contigo, para parte incerta, onde a vida não seja mais que uma ilusão.

Sem comentários: