quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Moloko

Vivaz o corpo que agarra o corpo

E a luz que têm no encontro

Suave e lentamente eloquentes

Os poros que tocam os poros

Os cabelos que se confundem

Nos tons despidos das peles

As mãos nos braços

A força violenta com que agarram

E marcam

Para agitar o outro corpo

Na garganta seca do fumo

Solta-se uma gargalhada funda

Breve

E com olhar ríspido e desconfiado

O outro corpo pára a caça

E está atento ao que se passa lá fora

Acordado daquele quadro mecânico

Encontra outro corpo quente

Agarrando a sua presa sente

Que está desarmado

E não larga o corpo

Encosta-o contra o seu

O calor persiste

Mas trementes

Engolem em seco

O medo

Corpo com corpo defendem-se

E na eminência da luta

Com o outro corpo desconhecido

Hesitam um momento

Suspirando aos ouvidos

E sem terror é o corpo rival que se precipita

Abrindo o frigorifico

Retirando o leite

E voltando para a cozinha.

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