Vivaz o corpo que agarra o corpo
E a luz que têm no encontro
Suave e lentamente eloquentes
Os poros que tocam os poros
Os cabelos que se confundem
Nos tons despidos das peles
As mãos nos braços
A força violenta com que agarram
E marcam
Para agitar o outro corpo
Na garganta seca do fumo
Solta-se uma gargalhada funda
Breve
E com olhar ríspido e desconfiado
O outro corpo pára a caça
E está atento ao que se passa lá fora
Acordado daquele quadro mecânico
Encontra outro corpo quente
Agarrando a sua presa sente
Que está desarmado
E não larga o corpo
Encosta-o contra o seu
O calor persiste
Mas trementes
Engolem em seco
O medo
Corpo com corpo defendem-se
E na eminência da luta
Com o outro corpo desconhecido
Hesitam um momento
Suspirando aos ouvidos
E sem terror é o corpo rival que se precipita
Abrindo o frigorifico
Retirando o leite
E voltando para a cozinha.
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