“Saga, que saga
Quem paga as minhas dívidas?”
Pensava ele ouvindo Edith,
Cagando na sanita,
Riscando o jornal com os olhos.
A torneira da banheira deixava um rasto
De calcário amarelo na loiça branca.
Cheirava a podre,
Estava calor
E o suor da casa escorria pelas paredes de papel forradas.
Mais afastado deste quadro, num canto da cozinha suja
Passeava uma barata grande e gorda,
Dando um toque de beleza natural
Aquele quadro tão impecavelmente decadente.
“Edith, salva-me.” – Dizia ele para o espelho,
Preparando-se para fazer a barba.
À volta dos olhos as rugas,
As ramelas,
No canto da boca rude, um resto de saliva seca da noite.
“Aqui não cheira a rosas.” - Pensou.
E enquanto Edith cantava,
Facilmente com o fio da navalha
Se libertou um jacto fino de sangue.
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