segunda-feira, 22 de junho de 2009

Desaparecimento do Marinheiro

"Só o mar das outras terras é que é belo. Aquele que nós vemos dá-nos sempre saudades daquele que não veremos nunca."

F.P., o Marinheiro

Estavam ali, sentadas
As três,
Deitada a quarta
No silêncio do quarto
Do velar o desconhecido
No esquecimento.

Ao longe
Da janela
Via-se aquele mar salgado
Sem um único murmúrio de ondas
Sem um único murmúrio de vento.

Quem é aquela que está deitada?
Porque finge estar morta?
Porque ouve em segredo o Sonho
E deseja sem mais palavras Ser
Na terra fria e húmida?

Quem são vocês
Amadas?
Estão velando por ela?
Desistiram da Vida
Desistiram da realidade obtusa
Continuem as metáforas da solidão.

Ficaram sós deste lado da Terra
O mar vos engoliu o futuro
O mar vos deixou inférteis
O mar vos roubou a juventude.

Porque estão aí paradas
Não vêem que não existem?
Vocês contam o Sonho e são Um Outro Sonho
Estão condenadas à escravidão da liberdade.

Podem ser tudo, podem ser nada
Mas escolheram estar sentadas
A velar a desgraçada
Cujo Marinheiro abandonou
Por outra Pátria gasta
Acabada
Que no fim o matou.

"PRIMEIRA : Ao menos, como acabou o sonho?
 SEGUNDA: Não acabou... Não sei... Nenhum sonho acaba..."

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