"Só o mar das outras terras é que é belo. Aquele que nós vemos dá-nos sempre saudades daquele que não veremos nunca."
F.P., o Marinheiro
Estavam ali, sentadas
As três,
Deitada a quarta
No silêncio do quarto
Do velar o desconhecido
No esquecimento.
Ao longe
Da janela
Via-se aquele mar salgado
Sem um único murmúrio de ondas
Sem um único murmúrio de vento.
Quem é aquela que está deitada?
Porque finge estar morta?
Porque ouve em segredo o Sonho
E deseja sem mais palavras Ser
Na terra fria e húmida?
Quem são vocês
Amadas?
Estão velando por ela?
Desistiram da Vida
Desistiram da realidade obtusa
Continuem as metáforas da solidão.
Ficaram sós deste lado da Terra
O mar vos engoliu o futuro
O mar vos deixou inférteis
O mar vos roubou a juventude.
Porque estão aí paradas
Não vêem que não existem?
Vocês contam o Sonho e são Um Outro Sonho
Estão condenadas à escravidão da liberdade.
Podem ser tudo, podem ser nada
Mas escolheram estar sentadas
A velar a desgraçada
Cujo Marinheiro abandonou
Por outra Pátria gasta
Acabada
Que no fim o matou.
"PRIMEIRA : Ao menos, como acabou o sonho?
SEGUNDA: Não acabou... Não sei... Nenhum sonho acaba..."