quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Última Rosa de Verão



Tudo o que eu sempre quis,
Aqui dentro de mim, 
Assim sem mais nem menos, 
Aqui tão perto. 

Antes de ti, 
Eu lavava a cara com a tua luz prateada 
Cheia de calor fulgente, 
E suspirava, 
Por um dia ser tua. 

Não queria mais ninguém, 
Preferia entregar-me à solidão eterna. 

De cada vez que estava contigo, 
As palavras brotavam como flores de lótus no principio do universo, 
Mas o medo apoderou-se de mim. 
O medo de nada existir, para além da minha vontade tímida. 
E fiquei à tua mercê, num mar sem vento, onde nada se movia. 

Então vagueámos pelas ruas, 
Dançando sofregamente, 
Sonhando separados,
Temendo a desilusão. 

Até asfixiarmos com a ideia de não saltarmos para o abismo, 
Porque só o abismo parecia melhor, mais doce, 
Do que o chão indeciso que pisávamos lado a lado. 

Saltámos para o abismo um do outro. 

E agora vejo-te longe, e ainda nem acredito que és meu, que te pertenço. 
Tremo ao pensar em nós, por ser tão forte e tão verdadeiro. 
E tenho medo de te perder entre os meus dedos apáticos, 
De não te agarrar para sempre, 
Porque foste para mim a última esperança, a última urgência de acreditar no amor. 

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