Sem brisa,
Olhávamos para aqueles seres sedentos,
Que pareciam nadar sem problemas,
Uns nos outros,
Como que em câmara lenta.
O ano tinha mudado, e também as marés.
Eu agora dava-lhe a mão e ele olhava-os perplexo, incrédulo.
Estavam cegos e surdos,
Nem o bater da água os acordava daquele ciclo sem fim.
Nós permanecíamos parados,
De pé,
Olhando para aquele aquário.
Eles não nos viam,
Falávamos e não nos ouviam,
Viviam ali e gostavam daquela dança,
Do bater de corpos gelatinosos e fúteis.
Aquele mar era ácido como o sumo de um limão.
Pegámos nos nossos dois corpos
E nas nossas memórias incandescentes
E de mãos dadas subimos as dunas e passámos o deserto
Longo de solidões.
O sol pôs-se na linha breve onde os seus lábios se juntam nos meus, e encontrámos longe da multidão
O mar gemente que nasceu em nós.
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